A Cerimônia do Chá basicamente consiste no ato de compartilhar uma tigela de chá, seguindo quatro princípios básicos: Wa (Harmonia) , Kei (Respeito), Sei (Pureza) e Jaku (Tranqüilidade), desenvolvido por Sen Rikyu (1522-1591).
A Harmonia é o resultado da interação do anfitrião e do convidado, da comida servida e dos utensílios usados com os ritmos da natureza, livre de pretensões, percorrendo o caminho da moderação e humildade.
O Respeito é a sinceridade do coração que nos libera para um relacionamento aberto com o nosso ambiente imediato com o ser humano e a natureza, reconhecendo a dignidade inata de cada um.
A Pureza capacita o indivíduo a perceber a essência pura e sagrada das coisas do homem e da natureza.
A Tranqüilidade é adquirida com a prática constante dos três primeiros princípios.
Sumário do Livro Vivência e Sabedoria do Chá
Dominando o caminho
"O que, precisamente, são as mais importantes coisas que precisam ser entendidas numa cerimônia de chá?" Esta pergunta foi feita a Sen Rikyu por um discípulo.
Sua resposta: "Prepare uma deliciosa tigela de chá; disponha o carvão de modo a aquecer a água; arranje as flores tal como elas estão no campo; no verão surgira frescor, no inverno calor; prepare tudo com antecedência; prepare-se para uma eventual chuva; e dê àqueles com quem se encontrar toda consideração."
O discípulo, um tanto desapontado com essa resposta, onde não encontrou nada de importância tão grande que pudesse supor ser um segredo da prática do chá, disse: "Isso tudo eu já sabia..."
Rikyu respondeu: "Então, se você pode conduzir uma cerimônia do chá sem desviar-se de nenhuma das regras que eu acabei de expor, eu me tornarei seu discípulo."
Anfitrião e Convidado
A Cerimônia do Chá completa inicia-se com a chegada do Convidado. Ele deve observar se a água foi espargida nas pedras do caminho que levam à Cabana de Chá. Se as pedras não estiverem molhadas isto quer dizer que o Anfitrião não está pronto. Se o Anfitrião tiver molhado as pedras quer dizer que o Convidado pode entrar. Este sinal é muito bom pois não causa constrangimento a nenhuma das partes. Caso o Convidado tenha chegado cedo demais, ele pode dar uma volta e retornar mais tarde e observar novamente.
O Convidado aprecia o caminho para a Cabana de Chá. Perto da entrada há uma bacia baixa de pedra; cada hóspede pára para lavar as mãos e a boca num ato simbólico de purificação. Os convidados continuam e entram abaixados através de uma pequena porta de 70 cm de altura. Isso porque todos devem abaixar a cabeça para entrar. Espadas e mantos reais não passam por essa pequena abertura, devendo ser deixados de fora. Apenas o ser humano adentra a Sala de Chá, sem ostentações, todos são iguais.
Antes da chegada dos convidados, o anfitrião pendurou um Kakemono (pintura ou caligrafia sobre papel ou seda).
Num recipiente recém preparado com cinzas, um fogo de carvão foi aceso, o incenso foi queimado, e sobre o fogo o anfitrião colocou uma chaleira com água para preparar o chá.
Ao entrar cada convidado aprecia o kakemono, o fogo, o arranjo das cinzas, a chaleira e todos os outros utensílios que estejam expostos. A iluminação moderada e os tons suaves das paredes de barro e da madeira envelhecida criam uma atmosfera que conduz à contemplação. O anfitrião surge e começa a servir o Kaiseki, refeição ligeira.
A palavra Kaiseki é composta por 2 ideogramas Kai = Pedra e Seki = Quente. Quando os monges estavam meditando não havia tempo para preparar comida, então eles pegavam uma pedra da fogueira e colocavam sob a roupa no estômago para aquecê-lo.
O Kaiseki vem do nome dado a uma pedra aquecida que os monges Zen usavam para aliviar o estômago das dores causadas pela fome ou pelo frio. Desde então passou a significar uma pequena refeição, suficiente apenas para satisfazer a fome.
Depois de compartilhar a refeição os convidados são servidos de um doce e do chá forte. Após isso serve-se o chá fraco.
O Otemae, preparo do chá, consiste de 3 partes:
- Purificacao dos utensílios
- Preparo do chá
- Limpeza dos utensílios.
Deve ser realizado em silêncio, ou só falando amenidades. A mensagem é enviada pelos utensílios, kakemono, flores.
A escolha do kimono depende da estação do ano. A manga indica o estado civil da pessoa q o usa. Mais longo, solteira, mais curto casada.
O preparo do ambiente
De acordo com Sen Rikkyu (1522-1591):
O Cha nao é nada mais que isto:
Primeiro voce aquece a agua, e entao voce prepara o cha.
Entao voce o bebe corretamente.
Isto é tudo o que voce precisa saber.
A necessidade de uma disciplina
Devemos nos concentrar de forma a não perder a mente original e inocente
Há um homem tão pobre que come madeira e veste-se com roupas feitas de folhas. Mas seu coração é claro como a lua, sua mente é calma e nada o perturba. Se alguém lhe pergunta "Onde você vive?" Ele responde "Nas verdes montanhas, junto à água pura;"
O sabor do chá e do Zen
Furyu =Fu (vento) ryu (fluir)
Velho lago
uma rã salta
o som da água
Wabi
Ao olhar em volta,
nem flores nem coloridas folhas
perto da cabana de sapé
que se ergue solitária à beira da praia.
Crepúsculo de outono
Àqueles que anseiam
pelas flores da primavera
mostre a relva nova
que rompe entre as colinas nevadas
Inadequação
O espírito de discrição
Aos que aspiram seguir o caminho do chá
Saiba mais:
Livro: Vivência e Sabedoria do Chá, Autor Sen Soshitsu XV, T.A.Queiroz, Editor, Ltda.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u363399.shtml
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